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Descobri que a cabecinha do meu bebê é ‘amassada’: e agora?

Embora nenhum formato de crânio seja totalmente proporcional, especialista ressalta que alterações não devem ser ignoradas e precisam de diagnóstico imediato.

Descobrir que a cabecinha do bebê apresenta um formato achatado ou torto pode gerar preocupações e questionamentos para os pais e responsáveis. Segundo a fisioterapeuta especialista em neuropediatria da Helper KidsAna Luiza Soares,  a condição, conhecida como assimetria craniana, é relativamente comum, mas é crucial entender que ela requer acompanhamento especializado e, se necessário, diagnóstico e tratamento imediatos.

Embora muitas pessoas atribuam a assimetria craniana apenas a uma questão estética, a especialista alerta que a condição pode estar associada a problemas como modificações estruturais e funcionais nos bebês. Isso inclui atrasos no desenvolvimento motor, alterações na acuidade visual e auditiva, otites de repetição, assimetrias craniofaciais, alteração na arcada dentária, entre outros.

A assimetria pode acontecer por diversas razões relacionadas a fatores comportamentais e ambientais durante o período de crescimento do bebê. A causa mais frequente, a plagiocefalia posicional, ocorre quando a criança sofre pressão repetida em uma determinada área do crânio, que pode acontecer ainda durante a gestação com a restrição de movimento intrauterino ou posições fixas, até o momento do parto e situações de rotina, como posicionamento do sono e uso excessivo de dispositivos de descanso, como cadeirinhas de carro ou bebê conforto.

Além dessas causas, é importante pontuar situações em que a assimetria está associada a outras patologias mais complexas como o torcicolo congênito, condição em que os músculos do pescoço estão mais apertados de um lado, levando a uma preferência por virar a cabeça em uma direção específica.

Para assimetrias relacionadas a alterações posturais ou não, o acompanhamento com um fisioterapeuta especializado será fundamental para a eficácia do tratamento. O profissional realizará uma avaliação inicial detalhada para determinar a gravidade da assimetria e identificar os fatores contribuintes.

Além de prescrever estímulos e exercícios específicos para fortalecer os músculos e promover o desenvolvimento motor, assim como a simetria dos movimentos, o fisioterapeuta poderá orientar os pais sobre práticas posturais e estratégias que otimizem o desenvolvimento saudável do bebê. E em casos mais severos de assimetria, outras intervenções podem ser consideradas, como o uso de órteses cranianas, conhecidas popularmente como capacetinhos.

A especialista destaca que, embora a assimetria craniana não esteja associada a problemas neurológicos, é fundamental que os pais busquem orientação médica o quanto antes. O diagnóstico e tratamento podem ser considerados urgentes por diversos motivos, tais como:

  • Mudanças no comportamento: muitas intervenções para assimetria craniana envolvem ajustes no comportamento, como a variação na posição de dormir e estímulos como o “tummy time”. Em casos mais severos o uso da órtese craniana é indicado. É mais fácil fazer essas adaptações enquanto os bebês são menorzinhos;
  • Intervenções específicas e eficácia: o uso da órtese craniana, conhecida como capacetinho, é recomendado até os 14 meses, pois sua eficácia está diretamente relacionada à maleabilidade do crânio durante os primeiros meses e anos de vida. A ideia da órtese é moldar suavemente a forma do crânio, incentivando o crescimento nas áreas necessárias e permitindo que a cabeça se torne mais simétrica;
  • Prevenção de complicações futuras: assimetrias cranianas não tratadas podem levar a complicações, como problemas de visão, audição ou até mesmo atrasos no desenvolvimento motor. A intervenção precoce pode ajudar a prevenir ou reduzir essas complicações.

Muitos pais enfrentam situações semelhantes, e o importante é agir proativamente em busca de soluções. Ainda, é importante ressaltar que a correção de assimetrias cranianas, vai além das implicações funcionais. A intervenção precoce garante um maior benefício estético evitando problemas psicossociais futuros.

Sobre: Ana Luiza Soares é fisioterapeuta neuropediátrica e dedica-se à intervenção precoce em bebês com idades entre zero e 24 meses na Helper Kids – clínica de fisioterapia infantil. Especializada em assimetria craniana, órtese craniana, torcicolo congênito, fisioterapia respiratória neonatal e pediátrica, acumula uma vasta experiência, com 17 anos dedicados à UTI Neonatal e seis anos no Ambulatório de seguimento de bebês de risco.

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