Em algumas regiões, professores precisam liberar alunos para beber água em casa, segundo levantamento | Reprodução / Internet
Segundo dados do Censo Escolar divulgados na última quinta-feira, 22, pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o Brasil registrou 1,2 milhão de estudantes matriculados em mais de 7 mil escolas sem água potável. Essa quantia é similar, por exemplo, aos matriculados nas redes públicas e privadas de toda a cidade do Rio de Janeiro. Dessas, 75% estão localizadas nas zonas rurais. 1033 escolas estão em comunidades indígenas, 791 em assentamentos, 321 em comunidades quilombolas e 125 em povos e comunidades tradicionais.
Na Terra da Liberdade, um povoado quilombola de Cametá, localizado no Pará, os alunos da rede municipal de ensino de Bom Fim precisam voltar para a casa para matar a sede, e os professores pegam garrafinhas na vizinhança para compensar as torneiras secas. A instituição citada tem um poço seco, sem utilização. Outras escolas da região possuem água encanada, mas sem tratamento. Às vezes as unidades escolares recebem uma pequena quantidade de produto químico para utilização, mas o envio é esporádico.
Segundo Fernando Silva, CEO da PWTech, startup de filtragem e purificação de água, o Brasil precisa de soluções práticas e eficientes para combater a falta de água potável nas escolas. Temos o projeto “Água boa nas escolas” onde o objetivo é levar acessibilidade a água pura para milhares de crianças e erradicar problemas de desnutrição e também de evasão escolar, explica.
No Pará, mais de 198 mil alunos enfrentam este problema. Estados do Sudeste e Sul também possuem escolas sem água limpa para beber. Rio Grande do Sul (60 mil), Rio de Janeiro (41 mil) e São Paulo 24 mil). As escolas da zona rural já são naturalmente mais prejudicadas por estarem afastadas de grandes centros. Quase cem mil desses alunos, por exemplo, estudam em escolas abastecidas pela água do rio sem nenhum tipo de tratamento. O Censo Escolar mostrou também que mais de 90 mil alunos estudam em escolas sem energia elétrica, sendo 93% no campo.
“Não só as escolas do campo precisam de atenção, mas as comunidades em geral. A falta de itens vitais como água, alimentação e energia elétrica traz consigo inúmeros problemas já relatados. O povo do campo precisa de mais infraestrutura para continuar sendo uma das maiores potências do país”, relata Fernando Silva.
De acordo com o Censo, o número de alunos em escolas sem água potável era menor em 2022, de 931 mil. A diferença de um ano para o outro se deu pela inclusão de 661 escolas da rede estadual da Bahia, com 430 mil alunos, na lista das que não têm recursos hídricos adequados, segundo o estado os números contém erros e será pedido uma retificação através de pedido judicial.
(Bn@ws)